El Media Rover

Audiovisualiades, Memória, Interfaces, Arqueologia da Mídia.

Resumo da Pesquisa – Memória das/nas interfaces web: do audiovisual às audiovisualidades soterradas.

 

A pesquisa proposta neste projeto visa dar continuidade a estudos já realizados pelo coordenador-proponente (Fischer, 2008; 2012) que tiveram a web como fonte principal para o recorte dos objetos empíricos e na análise sobre as interfaces – mais compreendidas como gráficas (herança da expressão Graphical User Interface ou GUI), mas em seguida entendidas como culturais, nos termos que propõe Lev Manovich (2001) – o modo de operar teoricamente com as questões vinculadas ao campo das audiovisualidades (entendidas como qualidades ou devires audiovisuais que se atualizam em diferentes mídias). Nesse sentido, é necessário assinalar que a presente proposta visa deixar de considerar apenas os processos de remediação (Bolter e Grusin, 2000) presentes no design de interface de websites – mapeados ao longo do tempo – para passar a propor uma cartografia de construtos específicos enunciadores de memória da web e de softwares (games, sistemas operacionais, entre outros) na web. Tratam-se de websites, em grande parte, que parecem catalogar ou re-exibir sites e/ou softwares cujo valor de uso teria sido perdido ou descartado por uma aparente obsolescência programada (também perceptível, por exemplo, na forma como somos incitados a renovar nossos automóveis e eletrodomésticos) de uma tecnocultura que parece insistir no que Felinto (2012) chama de “tabula rasa do tempo” (p.2). No entanto, a contrapelo dessa característica (como falava Benjamin), desejamos apontar para estas iniciativas que entendemos inicialmente mais dissonantes em relação a essa tendência da apologia ao novo, para analisar e compreender como se constituem essas enunciações de memória nestes websites, entendendo aí que há um jogo dialético necessário entre “imagens da memória” – como determinados modos, construtos de memória se apresentam nestes sites e uma “memória das imagens” (da ordem das audiovisualidades que ali podem ser desencavadas, como devires que persistem no tempo, a memória  de ser web, por exemplo).

Assim, mesmo ao fecharmos mais nossos observáveis em inciativas que lidam com o tensionamento degenerativo/regenerativo de sites e softwares na busca pelas enunciações de memória que ali comparecem como imagens-lembrança (Henri Bérgson, 2010) não deixamos de nos preocupar em desenvolver reflexões tanto sobre a web enquanto meio como sobre uma arqueologia das interfaces culturais de sites e softwares. No entanto, na presente pesquisa, entendemos que há a necessidade de convocar e articular com mais densidade os conceitos de memória, interfaces e audiovisualidades na medida em que acreditamos que estas duas operações (de convocação e articulação) são primordiais para alinhar nossa investigação dentro da linha de pesquisa Mídias e Processos Audiovisuais, assim como nas atividades relacionadas ao grupo de pesquisa Audiovisualidades e Tecnocultura: comunicação, memória e design (TCAv). Da mesma forma, metodologicamente, nossos movimentos vão em direção a procedimentos de operação (por cartografia e dissecação, primordialmente) sobre interfaces nas quais entendemos que convivem audiovisuais mais brilhantes e audiovisualidades soterradas. Assim, para poder operar sobre essa materialidade deslizante (escombros de sites, softwares deslocados de sua função inicial, etc) será necessário trabalhar e construir procedimentos técnicos com o objetivo de desenvolver movimentos escavatórios. Estes, por sua vez, serão inspirados por características que têm sido atribuídas a algumas reflexões provenientes de estudos oriundos da chamada arqueologia da mídia, conforme Huhtamo e Parikka (2011) apresentam e destacam nas reflexões de Walter Benjamin e Michel Foucault importantes ideias norteadoras. Por fim, esta escavação sobre imagens-lembrança por cartografia e dissecação passará por também buscar algum grau de diálogo com o Laboratório de Tecnologias da Informação e da Comunicação (LABTICs), infraestrutura pertencente ao PPGCC Unisinos e que deve iniciar atividades dentro do período de execução da pesquisa, na medida em que este ambiente se propõe “como um espaço de produção, articulação e experimentação de procedimentos voltados para a pesquisa avançada de tecnologias da informação e da comunicação.”

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