El Media Rover

Audiovisualiades, Memória, Interfaces, Arqueologia da Mídia.

dezembro 4, 2014
por gustavo
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Fragmentos do debate sobre interface (“How did we get here?”)

Uma das sensações mais recorrentes que tenho usando a web guarda semelhanças com uma das características do sonho. Me refiro ao momento em que nos damos conta que estamos na nossa história-sonho mas nunca sabemos como fomos parar ali (ver Inception para mais informações). É exatamente assim que me sinto quando estou parado sobre um texto, um site, vídeo e quebro a “suspensação da descrença” de estar inserido na pretensa  invisibilidade da interface parar me perguntar como encontrei aquele conteúdo.  Com a mania de acumulação ou devir de arquivamento (para evitar uma excessiva auto-crítica) me deparo com diversos papers recolhidos que dialogam com meus temas mais caros (interfaces, web, arqueologia, memória, imagem, audiovisual, yada yada yada) e que em momentos de estudo acabo revisitando.  Uma das dificuldades associadas à mania arquivadora (agora misturando os nomes) é tornar o usufruto do acúmulo (leitura, no meu caso) tão veloz quanto à pilhagem de pdfs, docs, etc.
Bom, não há outro jeito senão começar por algum canto. E, enquanto eu estudava essa resenha sobre 3 livros importantes relacionados à arqueologia da mídia, foi cotejando com outros materiais que tenho e voltei a olhar este artigo: “invisibilities at the interface”.  Ao que parece, trata-se de uma fala feita em um evento chamado “Technologies of Vision” realizado em novembro de 1992 (eu tinha 19 anos recém completados!) em Stanford. A fala-estudo possui várias colocações interessantes que aproximam (muito antes de Manovich, Galloway, etc) uma perspectiva tecnocultural a ideia de interface (ainda que essa expressão não seja usada especificamente) em trechos como:

_inveis

 

Voltei, claro, a googlear o título e vi que estava em uma lista meio bizarra de papers vinculados a este site vinculado a um laboratório “for experimental media”.  Então lembrei que – sabe-se lá como, claro – parei nesse site em 12 de julho de 2012 e enviei a URL para meus colegas Suzana, Tiago e Sonia.

Além do texto em si, a surpresa desse pdf é o seu final no qual surgem trocas de e-mails entre os autores. e-mails que foram impressos para serem lidos e sublinhados e anotados. fragmentos da própria construção do texto.  Esse fato não tinha sido percebido por mim da primeira vez que cheguei neste texto.  Até por que uma das características da coleta arquivística desenfreada deste que vos escreve é adicionar ao “How did I get Here?” o “I will deal with it later”.

Mas nada disso é sonho, é só mostragem-montagem: “The work of memory collapses time.” (Benjamin)

 

 

 

 

 

outubro 14, 2014
por gustavo
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Novo artigo em co-autoria na revista Animus (UFSM)

Graças a parceria do doutorando prof. Daniel Petry, tive o prazer de ser co-autor de um artigo que volta a trabalhar aspectos pontuados em sua dissertação de mestrado a respeito de um olhar arqueológico sobre os Efeitos Visuais e o cinema da chamada Nova Hollywood (esse ano deve sair o livro de Petry sobre o tema com meu prefácio). O artigo foi publicado esse mês na mais recente edição da revista Animus, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria.

O presente artigo objetiva discutir o conceito de efeitos visuais no audiovisual, mais
especificamente no cinema, a partir de uma perspectiva pontuada por conceitos destacados
pelo campo da arqueologia das mídias. Para tanto, são convocadas colocações de Zielinski e
Manovich (principalmente) como inspiradoras para uma atitude teórico-metodológica de
investigação, além de outros autores que procuram tecer movimentos em direção a um agir
arqueológico sobre os materiais midiáticos.

This article discusses the concept of visual effects in cinema, after key concepts highlighted through the media archaeology. Zielinski and Manovich (mainly) are seen as authors who inspire a theoretical-methodological investigation attitude, combined with other authors that intend to pursue an archaeological acting in mediatic objects.

 

 

 

setembro 28, 2014
por gustavo
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Apresentação na Rede AMLAt

Graças ao generoso convite do grupo de pesquisa PROCESSOCOM , em especial do prof. Dr. Alberto Efendy, um dos seus líderes e meu colega pesquisador do Programa de Pós-Graduação da UNISINOS, eu e a profa Sonia Montaño iremos apresentar um pouco sobre nossas abordagens metodológicas em uma mesa que será parte do VIII Seminario Internacional de Metodologías Transformadoras de la RED AMLAt através de webconferência, diretamente da Sala Conecta na UNISINOS para Caracas, na Venezuela, sede do evento.

O que: VIII Seminario Internacional de Metodologías Transformadoras de la RED AMLAt

Quando: 21/11 / 14 (manhã)

Onde: online

 

Abaixo, o resumo de minha exposição:

 

Escavando interfaces: Conceitos de arqueologia da mídia como contribuições metodológicas para a pesquisa de mídias online

 

Este artigo apresenta uma síntese da pesquisa sobre “As características da mídia tensionando o design de interfaces para web e software que operam pela internet: uma análise retrospectiva e progressiva em busca de tendências” (Fischer, 2012). O estudo teve como objetivo inicial pensar as mídias na evolução das características do design de interfaces para soluções de comunicação desenvolvidas para a internet, especialmente sites e softwares. Inicialmente, a fundamentação teórica enfatizava o conceito de remediação (Bolter e Grusin, 1999) mas avançou para articulações com os conceitos de interfaces e softwares culturais através do trabalho de Lev Manovich (2001, 2013); e tecnocultura através de McLuhan (1974) e Flusser (2002), entre outros. A seguir, foi proposto do ponto de vista metodológico o que chamamos de “agir arqueológico” nas interfaces (resgate de antigos sites e interfaces de software), permitindo que a discussão inicial recebesse contribuições das reflexões de autores ligados ao conceito de “arqueologia das mídias” através de Parikka (2012), Huhtamo e Parikka (2011) e Chun (2011). A análise das interfaces, a partir deste agir arqueológico foi realizada também pelo movimento de dissecção, adaptado da proposta de Kilpp (2006) para investigar a televisão. Com isso, nos deparamos com diferentes conjuntos de interfaces culturais, tais como as de hotsites (sites orientados para a promoção / publicidade), sites de inserção, visualização e compartilhamento de dados (YouTube), software operacional na Internet (iTunes) e páginas do tipo fanpages do site de redes sociais Facebook.  Finalmente, é proposto que, ao trabalharmos com o agir arqueológico enquanto atitude de pesquisa, nos encaminhamos para uma situação de autenticar (identificar) determinadas lógicas operativas, de sites e outras interfaces que operam pela Internet (Fischer, 2008) por um viés que contribui para começarmos a propor um conceito de interfaces tecnoculturais.

 

BOLTER, Jay David; GRUSIN, Richard. Remediation. Understanding new media. Cambridge, Massachussets e Londres, Inglaterra: Mit Press, 1999

MANOVICH, Lev. “Understanding hybrid media”. 2007. In:  Lev Manovich Homepage. Disponível para download em:  http://www.manovich.net/DOCS/ae_with_artists.doc. Acesso outubro 2011.

________________. The Language of New Media. Londres: the MIT Press, 2001.

FISCHER, Gustavo Daudt.  As trajetórias e características do  YouTube e Globo Media Center/ Globo Vídeos: Um olhar comunicacional sobre as lógicas operativas de websites de vídeos para compreender a constituição do caráter midiático da web. 2008. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Programa de Pós Graduação em Ciências da Comunicação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS, 2008.

_____________________. Interfaces culturais e remixabilidade nas lógicas operativas dos websites. In:  Sonia Montaño; Gustavo Fischer; Suzana Kilpp. (Org.). Impacto das novas mídias no estatuto da imagem. 1 ed. Porto Alegre: Sulina, 2012, v. 1. p 131-148.

HUHTAMO, E.. From Kaleidoscomaniac to Cybernerd: Notes Toward an Archaeology of the Media. Leonardo, vol. 30, 3/1997. Disponível em http://www.stanford.edu/class/history34q/readings/MediaArchaeology/HuhtamoArchaeologyOfMedia.html (acesso em junho 2012).

HUHTAMO, E., JUSSI, Parikka. Media Archeology: Approaches, Applications, and Implications. Berkeley, California: University of California Press. 2011.

KILPP, Suzana. Panoramas televisivos. UNIrevista (UNISINOS. Online), v. 1, p. 1-11, 2006.

 

setembro 26, 2014
por dpetry
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ErkkiHuhtamo.com

O pesquisador Erkki Huhtamo, parceiro de Jussi Parikka na edição do livro Media Archaeology: Approaches, Applications, and Implications e autor do livro Illusions in Motion: Media Archaeology of the Moving Panorama and Related Spectacles recentemente lançou um novo website: erkkihuhtamo.com.

Huhtamo atua no departamento de Design Media Arts, and Film, Television and Digital Media da UCLA. Suas pesquisas sobre a arqueologia dos audiovisuais são pioneiras e, assim como o trabalho desenvolvido com Parikka, permitiram uma expansão no reconhecimento das pesquisas e práticas da arqueologia da mídia.
Até então, com exceção do seu perfil no site da UCLA, Huhtamo não possuía uma representação própria na web. O site possui uma lista dos principais artigos publicados pelo pesquisador, imagens de suas exibições artísticas e da coleção pessoal de aparatos imagéticos, cerne de sua pesquisa.

Uma das falas performáticas de Huhtamo está disponível aqui. Nesta fala o pesquisador demonstra o contexto histórico e cultural, assim como exemplifica o funcionamento do Maréorama, aparato contemporâneo do primeiro-cinema desenvolvido com o propósito de permitir a visualização coletiva de panoramas.

setembro 4, 2014
por gustavo
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Sempre é tempo de recomeçar / The Restart Page

Bueno, fazia muito tempo que eu não passava por aqui.

Há muito para fazer e é tempo de recomeçar. A proposta é mais dedicação no site e em todos os itens relacionados à pesquisa. Para isso, existe primeiro post de recomeço vai dedicado aos orientandos de mestrado, doutorado e iniciação científica. Interfaces, arqueologia da mídia, web, memória me assombram e me seduzem. Há muito o que dizer e inventar sobre isso, do indie ao mainstream, para dentro e fora das mídias digitais, ou mesmo antes e “depois” delas.

Para não fugir ao devir publicitário que ainda ronda, não poderia deixar de simbolizar o recomeço com um objeto empírico que me faz pensar nas audiovisualidades que se produzem no jogo de aparecimento/desaparecimento ou opacidade/brilho das interfaces computacionais. O projeto the restart page mostra isso, recolocando num mosaico diveras alternativas de “brincarmos de reiniciar” sistemas operacionais. Preservação, deslocamento.  Nosso olhar habituado e desatento não parava para ver esses sistemas “renascendo” a cada comando nosso. Deslocados, o que passam a ser?

 

 

março 6, 2014
por gustavo
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Bump e XP – diferentes despedidas

“Unbeing dead isn’t being alive.”
E.E. Cummings

 

Ao contrário de atletas que têm dificuldade em aceitar (e acertar) a hora de parar (de Michael Jordan a Tulio Maravilha) e ficam indo e vindo para as quadras e gramados até que desaparecem como elefantes que se afastam do grupo, vivemos uma era de avisos categóricos e poucas homenagens quando um software (ou uma versão) se despedem.

 

Essas despedidas também vêm se tornando diferentes. Algumas representam uma situação de fusão ou aquisição, como é o caso do Bump, que permanece um morto-vivo no meu celular. Ele está “instalado” mas vegeta pois já não realiza sua função de transmitir “magicamente” arquivos de um smartphone para outro quando estes se batem. A morte do Bump, ou ainda (para manter a metáfora), sua morte cerebral, foi anunciada por e-mail para seus usuários.

Claro que corri para ver o que estava acontecendo lá no app itself e capturei essa tela.

 

 

Então temos uma espécie de erro 404 também no mundo dos apps. É como a URL que está lá mas o que fazia determinado site “ser”, já não é.

 

Segundo tipo de morte: também anunciada, mas não por motivos de aquisição e mudança de dono. E sim pela necessidade de “evoluir”. Evoluir para fugir da morte. (pesquisar cadáveres e zumbis para também dançar com ela as well). O Windows XP, tido por muitos como uma das versões menos bugadas do legado de Bill Gates e digna dos elogios de tech support como “estável”, agora se despede. Ou melhor, o suporte da Microsoft para ele se vai).  Clássica obsolescência programada, mas ainda assim, uma salva de tiros para uma das versões mais usadas por usuários de PC, mais presente no mundo corporativo (e afins) e, claro, simplesmente por encerrar sua carreira, ainda que a velocidade da pedrinha no lago até chegar no meu computador aqui da sala de pesquisa, rodando seu XP, possa ainda demorar.

Aqui e aqui há bons textos (informativos e bem-humorados) sobre o adeus do XP.

 

 

Mas qual o objetivo de comentar isso? Simples, alguém precisa pensar sobre isso, “guardar” esse tempo, conversar com os mortos-vivos por suas interfaces culturais.

Care to join?

 

 

 

 

 

 

 

 

fevereiro 2, 2014
por gustavo
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Google Search 15 anos –

Há vários aspectos destas duas falas realizadas na primeira “sala de operações” do Google (vejam o depoimento da agora diretora de marketing que alugou o espaço para os caras pela primeira vez) para pensarmos arqueologicamente a respeito.

Faz um certo tempo que assisti ao vídeo, mas remexendo em anotações a caneta que fiz e encontrei na minha mochila, achei por bem deixar aqui registrado alguns comentários para depois fazer algo com isso (altamente improvável).

Uma das questões que logo me encantou, claro, é ver o pessoal do Google falando “de si” em termos de passado. É engraçado que eles mesmos se mostram relutantes em aceitar isso, “estamos sempre falando do futuro, mas hoje em função da data bla bla bla vamos falar um pouco do passado”. Segue-se então a história romântico-nerd da garota que alugou o espaço para o google começar e agora trabalha pros caras. Temos até o primeiro logo do google como ilustração dessa “fase.”

Segue-se o segundo depoimento de Amit Singhal (VP de Search) cuja fala “15 years later, we´re just getting started” é repleta de uma característica forte da noção de evolução-apriomoramento em relação ao algoritmo de busca e se nota que antes da busca do google existir, apenas nos restava viver na era jurássica (nem na idade das sombras!)

Ainda há um terceiro depoimento (Tamar Yehoshua, VP Search) focado no Google Now (enough about the past, let´s talk about the future). O futuro, inclusive é, ao ver deles, antecipar. Premediation diria Grusin?

Tudo é fascinação, everything is promising.

Enfim, é possível ainda fazer mais afirmações pensando conteúdo e não forma nesse caso (não há nada de relevante em como o vídeo é montado ou produzido, acredito eu, a não ser o fato de que podemos pensar em uma linhagem de audiovisuais de apresentação ou apresentações usadas em palestras de tecnologia que seguem um alinhamento entre Apple e Google).

No entanto, quero resumir meu insight sobre a tensão entre pensar no que faz e fazer sem pensar (Dont make me think!!!) na frase dita por Singhal:

“You should not spend your life searching, you should spend your time living”.

Brilhante papo de vendedor. Você não deve passar sua vida no trânsito, mas se tiver que passar, que seja num Ford. Você não deve usar seguro de vida, mas se tiver que usar, que seja Itaú. Mas nesse caso do Google, há mais aí. Buscar e viver não poderiam ser antagônicos. Incentivar a busca me parece tão mais, uh, relevante, tenso, necessário. Mas quem busca pensa, compara, avança, retroede, coteja, reavalia, descobre, inventa. Certamente por se interessarem mais por buscar do que por “viver”, Google comemora seu trilhardário 15º ano.

Yes I want to spend my whole life searching, digging, excavating. I still havent found what I´m looking for. Maybe I´ll try living through searching. Maybe I´ll try Bing.