El Media Rover

Audiovisualiades, Memória, Interfaces, Arqueologia da Mídia.

Adeus iGoogle

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Uma das questões que sempre me aflige na web é a descontinuidade de suas interfaces. Acho que vem do meu desejo de “não botar nada fora” que vitimiza minhas gavetas e armários desde sempre.

Só que de fato essa descontinuidade se torna oportunidade, agora que eu passo cada vez mais a pensar sob uma perspectiva “mídia-arqueológica” em relação a essas situações. Mas ainda, na minha cabeça, paira aquela ideia de “quem vai guardar esses momentos?” E como? E, tão importante quanto: o que vamos fazer com esses materiais, como produzimos deslocamentos para fazerem esses materiais produzirem conosco para pensar o que é a web, a mídia e a tecnocultura (audiovisual) de nosso tempo?

É por isso que este primeiro post não começa como um “Hello World”, mas sim com um hello world disfarçado de comentário bem específico: o Igoogle vai morrer em uma semana. Todo o dia (desde que dia? não sei!) eles postam um aviso quando a gente acessa, como esse:

 

Update: 30 dias é o tempo de “contagem regressiva” segundo esse site.

 

Mas é possível pensar como essa crônica online de uma morte anunciada vem sendo construída há um bom tempo, mais precisamente desde julho do ano passado., juntamente com outros serviços (e suas interfaces por conseguinte).

De fato, a morte do igoogle é a tal aposta em uma formatação de “apps” para a web e fora dela, conforme o próprio texto do Google diz:

On November 1, 2013, iGoogle will be retired. We originally launched iGoogle in 2005 before anyone could fully imagine the ways that today’s web and mobile apps would put personalized, real-time information at your fingertips. With modern apps that run on platforms like Chrome and Android, the need for iGoogle has eroded over time, so we’ll be winding it down. Users will have 16 months to adjust or export their data.

Haverá espaço na web para um clube dos cultuadores de práticas antigas de “personalized real-time information”? Mais ou menos como um clube que cultua carros antigos. Mas para os usuários que protestam, não é isso que está em jogo, é a perda do conforto de um serviço que vai de encontro a um imaginário de eterno, infinito, 360º de atendimento do google que nos cerca.  A ideia de contagem regressiva e o número de protestos me faz pensar sobre um doente desenganado em que já podemos vislumbrar um dia para desligar os aparelhos.

A própria proposta de contagem regressiva nos leva a poder “viver” esse final, coisa rara no enduring ephemeral da web/internet como diz Wendy Chun.

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